O Atelier Gaia é um serviço criado na Colônia Juliano Moreira, zona oeste do Rio de Janeiro, com origem no Museu Nise da Silveira, atual Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (MBRAC), na década de 80 do século XX, nos anos iniciais da Reforma Psiquiátrica Brasileira, período de transição do modelo asilar para a atenção psicossocial. O objetivo deste artigo é registrar a história e evolução do espaço, contrapondo com as ideias de Nise da Silveira, corroborando o entendimento e a constatação de como o uso terapêutico da produção artística é capaz de promover a reabilitação psicossocial dos envolvidos na criação. A metodologia adotada foi a pesquisa qualitativa, na qual se utilizou as técnicas observação participante, estudo de caso e entrevistas aprofundadas, individuais e em grupo com os personagens do atelier, o que permitiu observar a importância que teve na subjetivação, autonomia e liberdade destes indivíduos. Concluiu-se que a continuidade do Atelier Gaia e a expansão de serviços similares por toda rede de cuidado deveria ser garantida como espaço terapêutico e de criação, o que poderia representar uma nova fase de desenvolvimento no modelo assistencial, isto é, uma reforma cultural por meio da própria cultura e da arte. Foi desta maneira que o Atelier Gaia estruturou-se e participou da reabilitação psicossocial de todos os que estiveram envolvidos com o seu desenvolvimento, proporcionando subjetivação, autonomia e reduzindo a necessidade do aparato manicomial e assim fortalecendo o campo da atenção psicossocial.
Referências para citação: Fabrício, Paula Conceição; Amendoeira, Maria Cristina Reis; Cavalcanti, Maria Tavares. Rev. baiana saúde pública; 40(2 (2016)): https://doi.org/10.22278/2318-2660.2016.v40.n2.a1977, Set. 2017.