O presente estudo teve como objetivo conhecer o significado para a família da convivência diária com um membro usuário do crack. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, de natureza fenomenológica, que tomou como base para coleta dos dados empíricos a realização da entrevista fenomenológica com duas famílias de dependentes do crack, em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Outras Drogas. A análise e categorização das descrições vivenciais se processou à luz da analítica da ambiguidade, fundamentada na fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty. Como resultados emergiram três categorias - Sobrecarga no cuidado: demonstração de amor e sofrimento; Peripécias e fantasias do usuário de crack: entre as dúvidas e as certezas; e A sombra infinda do crack à luz da cura pela fé. O estudo apresenta uma nova perspectiva sobre o uso do crack no contexto familiar, através da percepção intersubjetiva, reveladora das ambiguidades, que abre possibilidades para desvelar a vivência do outro.