CONTEXTO: No Brasil, levantamentos epidemiológicos têm apontado o aumento do uso de crack, possivelmente em razão de mudanças de seu acesso, estratégias de mercado e formas de uso.
OBJETIVO: Identificar tais aspectos da cultura de uso de crack, na cidade de São Paulo, sob a perspectiva do próprio usuário.
MÉTODOS: Adotou-se amostra intencional, selecionada por critérios, composta de usuários (n = 45) e ex-usuários de crack (n = 17). Recrutados por meio de informantes-chave e técnica de amostragem em cadeias, cada participante submeteu-se à entrevista semiestruturada.
RESULTADOS: Atualmente, conforme os entrevistados, o acesso a crack é simples, facilitado por estratégias de mercado como a entrega em domicílio do crack (crack delivery). As pedras têm sido substituídas pelo farelo, forma mais barata e adulterável da droga. Embora o cachimbo artesanal de alumínio seja a forma de uso mais comum, têm-se identificados o shotgun e o uso combinado de crack a tabaco ou maconha.
CONCLUSÕES: Embora de caráter preliminar, esse estudo aponta que a qualidade, o mercado e as estratégias de uso de crack têm sofrido mudanças, implicando potenciais riscos à saúde do usuário, sugerindo sua consideração à atualização das políticas públicas e dos programas de intervenção atualmente vigentes.
Referências para citação: OLIVEIRA, Lúcio Garcia de and NAPPO, Solange Aparecida. Crack na cidade de São Paulo: acessibilidade, estratégias de mercado e formas de uso. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2008, vol.35, n.6, pp. 212-218. ISSN 0101-6083.
Obs.: Material linkado com o banco de dados do Scielo.