Nesta comunicação evidencio a forma como o discurso das campanhas públicas anti-droga actua, expressa e pode contribuir para re-produzir as assimetrias e as desigualdades entre maiorias “straight” e as minorias consumidoras de drogas ilegais. Irei mostrar, por um lado, o poder social por detrás deste discurso e, por outro, a forma como o poder é exercido no próprio discurso. Para responder à primeira preocupação centro-me na questão do acesso às campanhas públicas, ou melhor, na forma como o acesso às mesmas é controlado. Mostro que esse controlo se efectiva de várias formas, e evidencio também os efeitos do mesmo a vários níveis sociais. O segundo conjunto de estratégias pertence às estruturas do texto e fala que materializam essas campanhas. Nestas estruturas realço o papel retórico das negações polémicas e as suas funções políticas. Para a análise uso as teorias e instrumentos fornecidos pela Análise Crítica do Discurso (van Dijk 2000), uma forma de análise de discurso que se distingue, entre outras coisas, pela seu carácter multidisciplinar e pelo seu empenho político na construção de uma forma de conhecimento que funcione como princípio de solidariedade. Os exemplos são retirados de um corpus que integrou um estudo mais alargado sobre o discurso destas campanhas e suas ideologias (Pinto Coelho 2003).