O uso abusivo do álcool e outras drogas são destacados pelo Ministério da Saúde como um dos principais problemas de saúde pública. Na rede extra- hospitalar de saúde há pouco esclarecimento dos profissionais quanto às atribuições junto aos usuários de álcool e outras drogas. Tal fato se complica em virtude dos próprios usuários preferirem recorrer à internação como forma de resolução dos agravos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas. Por não se sentir capaz de estabelecer trocas sociais e afetivas fora do ambiente hospitalar, o usuário de drogas, principalmente o alcolista, elege a hospitalização como um momento de pausa, controle e possibilidade de cura do sofrimento. Neste sentido, a atuação do enfermeiro junto a usuários de álcool e outras drogas deve levar em consideração uma complexa rede de interações e instituições para a garantia da integralidade da assistência. Este estudo tem como objetivos: conhecer as demandas do usuário de álcool e outras drogas na rede de saúde extra-hospitalar; descrever quais são as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro no atendimento ao usuário de álcool e outras drogas e analisar a relação entre o enfermeiro e o SUS na busca da integralidade da assistência. Na equipe de saúde, os enfermeiros são os profissionais que mantêm maior contato com os usuários, com grande potencial para reconhecer os problemas relacionados ao uso de álcool e drogas e desenvolver ações assistenciais. O presente estudo constitui uma pesquisa qualitativa de abordagem descritiva de campo, tendo como cenário a Região Centro-Sul Fluminense. Os sujeitos são trinta enfermeiros da rede extra-hospitalar, compreendendo coordenações de Programas do Ministério da Saúde, unidades de PSF, CAPS I, CAPS AD e Comunidade Terapêutica. Os dados foram coletados por meio da realização de entrevista semi-estruturada e analisados de acordo com a análise temática de conteúdo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CCM/UFF, em 2004. Como resultados observaram-se que a demanda por atendimento do usuário de álcool e outras drogas ocorre de forma espontânea direta ou indireta, por busca ativa e que alguns enfermeiros não identificam esta demanda em sua unidade ou não sabem informar como ocorre a demanda. Foram identificadas ações de enfermagem no âmbito da prevenção, tratamento e reabilitação. Entre as dificuldades apontadas estão a não aceitação pelo usuário ao tratamento, falta de capacitação para o atendimento, dificuldade de acesso, tempo não disponível em virtude do acúmulo de atividades. Os dados analisados apontam para necessidade de o enfermeiro redirecionar a sua prática junto a esta clientela, buscando formas inovadoras e criativas que assegurem maior resolutividade de suas ações. Conclui-se que a própria rede de serviços, e não apenas o enfermeiro, não responde as necessidades de saúde do usuário de álcool e outras drogas na perspectiva da integralidade da assistência. Contudo, alguns avanços já foram obtidos pelos enfermeiros, como por exemplo, a construção de vínculo com a comunidade local e a percepção de suas próprias fragilidades e necessidades de capacitação.
Referências para citação: GONÇALVES, S. S. P. M. Atenção de enfermagem ao usuário de álcool e outras drogas no contexto dos serviços de saúde extra- hospitalares: um estudo exploratório de campo. 2006. 126f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem Assitencial). Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro
Obs.: Material linkado com o Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações - Bilblioteca Digital UFF