Esta tese de doutorado objetivou realizar uma pesquisa clínica sobre a Entrevista Motivacional em adolescentes usuários de drogas que cometeram ato infracional e para tal, realizou-se três estudos. O primeiro aborda os aspectos teóricos acerca de motivação para tratamento, abordagem de pacientes desmotivados e os construtos envolvidos na técnica da Entrevista Motivacional. O segundo, relata um estudo clínico realizado com 48 adolescentes que finalizaram o processo de tratamento para dependência química. Foram alocados 27 adolescentes em um grupo que recebeu 5 sessões de Entrevista Motivacional e 21 adolescentes, em outro grupo, que receberam Psicoeducação como tratamento controle. Os instrumentos de medida formam uma entrevista semi-estruturada para avaliação de dados sócio-demográficos, padrão de consumo e comorbidades, o Inventário Beck de Depressão (BDI) e o Inventário Beck de Ansiedade (BAI) para avaliação de intensidade de sintomas de depressão e ansiedade respectivamente, e a University of Rhode Island Change Assessment (URICA) para avaliação dos estágios motivacionais e prontidão para mudança. O grupo da EM diminuiu consumo de maconha e tabaco e o grupo da Psicoeducação diminuiu o consumo de maconha e álcool. Com relação aos estágios motivacionais, na avaliação, o grupo da EM teve médias menores de pré-contemplação e maiores de contemplação mas na reavaliação apenas a média da pré-contemplação era menor em relação as médias do grupo Psicoeducação. Na ação e na manutenção não houve interação entre fator tempo e grupos. Não houve diferença significativa entre as duas técnicas evidenciando que as duas intervenções podem ser aplicadas nesta população. O terceiro estudo foi realizado para verificar fatores relacionados ao abandono de tratamento, visto que, nesta população, foi bastante significativo (64,5% da amostra inicial). Os fatores que apresentaram relação com o abandono do tratamento foram: não estar estudando no momento, ter sido expulso ou suspenso da escola em algum momento da vida, idade precoce para início do primeiro uso de álcool, usar cocaína atualmente, não apresentar diagnóstico de dependência de tabaco, ser abusador de tabaco, não apresentar diagnóstico para dependência de maconha e ser abusador de cocaína. Este estudo mostrou que técnicas breves diminuem o consumo de drogas na adolescência e, a prevenção ao uso precoce de drogas e comprometimento com a escola, são fatores de proteção a adesão a tratamento.
Referências para citação: ANDRETTA, I. A efetividade da entrevista motivacional em adolescentes usuários de drogas que cometeram ato infracional. 2009. 105f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.
Obs.: Material linkado com o Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações - Bilblioteca Digital PUC-RS.