O objetivo principal deste estudo foi identificar as representações de prevenção ao abuso de drogas, e a produção dessas representações pelas professoras em cujas salas de aulas acontecem o treinamento do PROERD (Programa de Resistência as Drogas e a Violência). Como referencial teórico utilizou-se a teoria da Representação social de MOSCOVICI em articulação com a perspectiva Histórico- Social de VIGOTSKY sobre a produção de sentido, para poder se apreender o movimento entre o concebido e o vivido e suas implicações nas práticas cotidianas. Por meio dessa abordagem foi possível verificar como o professor pensa a prevenção (o conteúdo das representações) e situa esse conhecimento no cotidiano escolar (a prática advinda das representações e que instituem, ao mesmo tempo, estas representações) como, também, verificar o movimento de produção dessas representações na dialética do individual/social. Embora diversos trabalhos abordem o tema da prevenção ao abuso de drogas, não encontramos trabalhos que explicitasse as representações e sua produção, principalmente na perspectiva de professores que participam de um programa como esse. A pesquisa desenvolveu-se em uma escola pública estadual de um bairro da cidade de Curitiba, constituindo-se em um estudo de caso. A metodologia, numa perspectiva de análise qualitativa, se constituiu de observação direta em sala de aula dos treinamentos do PROERD, análise documental das apostilas do programa, do projeto político pedagógico da escola pesquisada, além de entrevistas semi-estruturadas com as cinco professoras, onde se coletou informação acerca dos dados pessoais, referente à formação profissional, experiências profissionais, sobre a percepção das mesmas a respeito do PROERD, das drogas, e da prevenção na escola. O tratamento dos dados se deu pela análise de conteúdo proposta por BARDIN. O resultado nos mostra que a prevenção ao abuso de drogas não se apresenta como foco principal de intervenção dessas professoras, pois elas estão bastante envolvidas em repassar o conteúdo do currículo básico e não se consideram competentes para lidar com esta temática. No entanto, as imagens associadas às drogas e a prevenção estão sempre ligadas a a concepção sempre negativas. Elas possuem informações sobre a questão do uso e do abuso de drogas, porem elas desconsideram o tripé sujeito-droga-contexto social. Tudo isto faz parte da representação que elas possuem do indivíduo usuário de substancias. A representação de prevenção ao abuso de drogas das professoras, orienta ações voltadas para o combate às drogas, realizadas ou não por elas. Elas não estão sendo estimuladas a ultrapassarem este tipo de abordagem. Pelo contrário encontram respaldo no próprio discurso e prática do PROERD. A ausência de um espaço para interlocução a respeito da temática em questão na escola, inviabiliza uma superação deste paradigma.
Referências para citação: LOPES, J. E. As representaçőes sociais de prevençăo ao abuso de drogas dos professores do ensino fundamental: um estudo de caso. 2003. 104f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Paraná